Tem vezes que a vida nos prega cada peça, que demoramos a perceber que não estamos fazendo parte de um filme ou uma novela. Foi exatamente o que aconteceu este mês. O que eu mais temia, aconteceu: minha mãe faleceu. Na verdade, eu nem estava temendo neste momento, pois tinha certeza de que ela se recuperaria e voltaria para casa, como das outras vezes. Isso me parecia tão óbvio, já que ela era a pessoa mais empolgada com a chegada do Benjamin, seu netinho.
Mas, de repente, tudo mudou e o luto chegou. Ainda é muito difícil entender como tudo aconteceu. Mais difícil é aceitar que ela não conseguiu viver mais dois meses para segurar o tão esperado netinho. Tentamos achar explicação diante do inexplicável. Uma dor, um vazio profundo, que só mesmo o tempo poderá apaziguar.
O luto em si é algo terrível sim, mais terrível ainda, quando você precisa estar bem e sem estresse, pois tem uma vida dentro de si, que depende 100% de você. Uma vida que ainda nem chegou ao mundo, mas a qual você sente várias vezes ao dia, quando ela mexe em sua barriga e anuncia a sua chegada em breve. Neste momento, é que vem uma força sobrenatural e que nos impulsiona. É a força da vida, dando lugar à força da morte.
Como a maioria dos nossos leitores sabe, eu larguei tudo o que eu tinha na Índia justamente para evitar que o dia que minha mãe falecesse, eu não pudesse estar aqui. Eu não ia conseguir dar conta de algo assim. Sendo assim, com o apoio do marido, nos mudamos de mala e cuia no ano passado, deixando para trás dois grandes empregos, dois grandes salários, sonhos, família….Mas sabem o que é mais impressionante? É que se eu não tivesse vindo ano passado, o que eu mais temia, que era a partida dela sem eu nem ter tempo de me despedir, teria acontecido, já que ainda estamos no meio de uma pandemia e não há vôos da Índia para o Brasil. Realmente, Deus sabe de todas as coisas. Talvez ele soubesse que o que eu mais temia, não era a partida dela em si, mas o fato de não poder me despedir.
Despedidas feitas, agora eu e meu marido, ainda sem chão, estamos tentando descobrir como dar um rumo à nossa vida. Voltar para a Índia sempre esteve nos meus planos, mas na atual conjuntura, sem vôos e no meio de uma pandemia, fica inviável. Por isso, vamos dar tempo ao tempo. Afinal, ele é o senhor da razão. Motivos para ficar no Brasil? Realmente não tenho, já que minha maior motivação agora já não existe mais. Porém, a partida dela me deixou uma série de pendências as quais eu preciso resolver antes de pensar em sair daqui. Por isso, mais uma vez, vamos recorrer ao tempo, que sempre nos mostra o caminho. Assim como fomos rápidos em entender a mensagem do universo de que era para nos mudarmos para cá, também vamos aguardar ele nos mostrar a próxima porta.
Enquanto o universo trabalha em sua imensa sabedoria, aguardamos a chegada do bebê. E, com ela, a esperança de novos tempos e, claro, de dias melhores.
E, com este post, eu enterro o meu luto. De agora em diante, quero voltar a escrever sobre a Ásia, minha grande paixão, sobretudo sobre a Índia, país que eu amo de coração e onde ainda almejo viver até o fim dos meus dias. O canal do Youtube, eu sei que anda meio parado, mas em breve também penso em voltar. Quem sabe, para apresentar o Benjamin, não é mesmo?
No mais, deixo aqui o meu mais sincero agradecimento a todos os queridos amigos que deixaram suas carinhosas mensagens para nós. Saibam que cada mensagem ajudou a consolar nossos corações e oro, para que Deus conceda a todos, muita saúde e uma vida plena. Um abraço a todos e….vem, Benjamin!
por |Juliana (Banjara Soul)