A idéia para este post me veio enquanto eu lia um artigo sobre viagem ao Afeganistão e, a moça contava que na maior parte do tempo, ela fora ignorada pela maioria, porque estava acompanhada de um homem. Ou seja: só se dirigiam ao marido dela e, não à ela.
Pensei com meus botões: – “Sei bem como é isso!”
Apesar de não estar no Afeganistão (mas estou bem perto), muitos lugares da Índia ainda preservam esta cultura e, infelizmente (ou felizmente…não sei), minha família indiana também é adepta a este costume.
Acostumada a cumprimentar as pessoas e sorrir para elas quando chego em um lugar, tive que mudar isso quando vim morar na Índia. (já comentei isso aqui no blog e lá no canal)
Vou contar três casos que aconteceram comigo para vocês entenderem melhor como isso funciona na prática.
Mumbai, 2014. Um amigo do meu esposo, lá de Uttar Pradesh, avisa que está vindo à Mumbai para uma entrevista de emprego e gostaria de encontrar com meu esposo. Meu esposo, na mesma hora, já diz que ele não precisa se preocupar com hotel e que pode ficar aqui em casa (ninguém merece!). O rapaz, claro, aceita. Afinal, 0800, todo mundo quer! Como sabia que o cidadão passaria a noite aqui e já chegaria na hora da janta, preparei a janta, comprei até sobremesa e tal. Quando ele chegou, eu abri a porta e…o que você diz ou faz quando chega na casa de uma pessoa pela primeira vez?
Bem, eu geralmente levo alguma lembrancinha, como bombons, chego sorridente e já agradecendo pelo convite. Acredito que a maioria de nós, brasileiros, façamos isso. Mas, esqueça! Para muitos indianos, esta regra não existe.
Quando abri a porta da sala, o mal educado do amigo apenas entrou, sem nem dizer nada, nem um cumprimento..nem um namastê ou asalamaleikum (Já que ele é muçulmano!).
Não reclamei e nem disse nada, mas fiquei passada, porque o cara entrou na minha casa, comeu da minha comida, dormiu no meu colchão e travesseiro e, ainda assim, nem diz um obrigado sequer!
Porém, apesar de toda a minha indignação, eu sabia que por trás daquilo tudo, ele estava é mostrando respeito à minha pessoa e a meu marido. Por isso, não cumprimentar ou dirigir a palavra à mulher de outro homem, é sinal de respeito profundo. Sinal de que aquela mulher não existe para ele e que olhar nos olhos dela seria um ultraje à bela amizade deles.
O segundo caso, aconteceu quando um primo do meu marido veio lá de Uttar Pradesh (de novo…) também para algo relacionado a emprego aqui em Mumbai. Meu esposo, já veio com aquele papo de que ele deveria dormir na nossa casa, porque era primo dele e que ele cuidava deste primo quando era pequenino e blá blá blá. Como era só uma noite, eu concordei, torcendo que uma noite não virasse duas ou três.
Quando o primo chegou, fui eu quem abriu a porta. Na hora que me viu, o primo parecia tão desconcertado, que abaixou imediatamente a cabeça e disse bem baixinho: – “Bhabi, namaste. “
Eu, que já tinha aberto a porta com um sorriso, quando vi a reação do moleque, resolvi fechar a cara novamente e apenas disse: – “Namaste”.
Na hora de ir embora, depois do café, ele simplesmente saiu junto com meu esposo e não disse nem um “ai”.
Mas, quem mais me ignora é o meu cunhado. Diz meu marido que ele me admira muito e sempre fala bem de mim. Não sei para quem, porque na minha frente, é como se eu não existisse. Nem tenho coragem de dizer: “Ravi bhaiya, namaste“, porque ele simplesmente evita o contato com o olhar e não me dirige a palavra mesmo!
Da última vez, passei lá uma semana e, em nenhum momento ele falou comigo. E, depois de perceber isso, eu também passei a evitar os lugares onde ele possa estar, a não ser que toda a família esteja reunida por lá.
Já questionei isso com meu marido, porque apesar dos anos, não me acostumo com esse povo que vem na tua casa e não te cumprimenta. Mesmo sabendo das diferenças culturais, ainda fico com raiva quando isso acontece, quando a minha presença é totalmente ignorada.
Mas, meu esposo jura que isso tudo é porque eles (irmão, amigo e primo) respeitam muito ele, e, by default, me respeitam também, por ser mulher dele e, que só o fato de olhar para mim, já os faria sentir mal.
Bem, que assim seja, mas que é estranho e desconfortável ser ignorada…isso é!!
E vocês? O que acham deste costume? Já estiveram em algum país que tivesse costume ou mentalidade semelhante?
por Banjara
Oi Jú! Sempre seguindo o conteúdo do seu blog e vídeos! Adoooro toda essa diversidade e sonho em visitar a India.
mas ler tudo isso e me imaginar nessa situação de ser ignorada já me sinto triste! Isso não te faz menos feliz? As vezes não passa em sua cabeça um certo arrependimento de ter casado com um indiano? Desculpa a expressão mas preciso pontuar isso para minha vida já que dei um tempo com um indiano de faridabad pra pensar melhor no que realmente quero pra mim, se vale a pena lutar pelo amor dele.
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Oi, Marcelle. Obrigada pelo comentario! Bem, respondendo a sua pergunta….As diferencas sao muitas, mas nao me arrependo de ter casado com um indiano, ja que temos muito mais coisas em comum do que desavencas. Em relacao a parte de ser ignorada, isto acontece direto aqui na India entre homens e mulheres. Nao eh so na familia do meu marido. Tenho outra amiga brasileira que mora aqui, tambem eh casada com um indiano e, quando vao levar a filha ao medico, o medico so fala com o pai, como se a mae nao existisse. Claro que nem em todos os locais eh assim, mas eh algo comum no pais, infelizmente. Faridabad eh perto de Delhi, mas fica em Haryana, um dos estados mais conservadores e retrogrados da India, assim como Uttar Pradesh, de onde a familia do meu marido eh. Portanto, tem que pensar muito a respeito, pois o choque eh grande. Beijos!
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Que interessante esta diversidade cultural.
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Adorei seu conteúdo, poderia dar uma olhadinha no meu blog?? Sou novata, se gostar.. Me segue.
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Obrigada!! Vou passar la!Um abraco!
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Oi Ju o que sera que pensam de nós, pois cumprimentamos com beijo no rosto, quem acabamos de conhecer,e as vezes com um abraco, quando nos encontramos também, beijos e abraços, fora a alegria o sorriso.Mas cada um é cada um, não podemos mudar o mundo, e nem certos costumes. Paciência e entendimento. Beijos.
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Bom….se fizermos isso na frente de um indiano no Brasil, que eh o nosso territorio, ele nao vai achar nada. Ou, pelo menos, nao vai dizer nada. Mas, aqui na India, nao rola. Nao eh uma sociedade onde ha o toque. Nao entre sexos opostos. Um abraco!
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Tô adorando seu blog. Descobri ele essa semana e já li vários e vários posts antigos. Adoro conhecer sobre a cultura de outros lugares, obrigado por compartilhar 🙂
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Obrigada, Kitsune! Um abraco!
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Nossa fico imaginando a cena… pois nosso jeito de ser, de receber visitas em nossas casas com aquele belo sorriso no rosto, rsrsrs de olhar nos olhos, de abraçar, coisas que é normal pra nós, é uma ofensa pra eles. Rsrsrs
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Ai…nem me fale. Valeria! Cada saia justa!
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Ah, se fosse comigo eu ia me sentir a mosca do cocô do cavalo do bandido! Ser ignorada é péssimo por mais que digam que é sinal de respeito.
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Sim…foi mais ou menos assim que me senti.
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Essa falta de contato me deixaria louca!
Imagino o que eles pensariam de nós quando souberem que cumprimentamos com beijo no rosto quem acabamos de conhecer kkkkk
By the way, amo seu blog e meu sonho a 6 anos atrás (tenho 18) era morar na Índia… Mas infelizmente, é uma país muito difícil para uma mulher sobreviver sozinha! Mas mesmo assim, apesar dos problemas que todos os países e cidades grandes enfrentam, a Índia deve ser um lugar lindo e que visitar com certeza ❤ Beijão
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Sim…eu tambem acho estranho e olha que eu ja moro na Asia ha 10 anos! Sim, a India nao eh um pais facil para uma mulher viver sozinha, mas vale a pena tentar, ainda mais se conseguir um intercambio pela Aisec para fazer estagio em alguma cidade grande como Mumbai, por exemplo. Um abraco e obrigada pelo carinho!
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Olá minha querida Juliana!! Estive alguns dias afastada do blog mas cá estou novamente! Preciso atualizar..
Ahhh eu odeio isso de ser ignorada!! Passo por isso aqui no Brasil quando indiano vem à nossa casa!! Alguns dizem um “namaste” bem tímido. Outros vão embora sem se despedir. Parece que sou invisível. Não me olham nos olhos e não conversam comigo e meu marido diz que isso é “respeito”.
Quando saímos com algum indiano eu passo o tempo todo calada porque os homens não conversam comigo.
Uma vez um indiano veio me cumprimentar do jeito brasileiro, com beijo no rosto, nem preciso dizer que meu marido nunca mais deixou ele pôr os pés em casa porque ele entendeu isso como uma afronta do indiano moderninho.
Somente 1 amigo conversa comigo normalmente agora que está em outro país e sente saudades do Brasil, mas enquanto ele vivia aqui no Brasil nem olhava pra mim.
Não vou negar, é desconfortável sim.
Beijos
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Oi, Star!!!Sabia que voce ia me entender…Nao gostaria de ter contato fisico com eles, como beijinhos ou aperto de mao, mas, pelo menos, que me olhassem e cumprimentassem como um ser humano normal.
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Óla Ju! indianos ou indianas q já foram casado e teve aquela cerimonia Idiana , pode se casar de novo fazendo a cerimonia novamente.Ou é como os católicos só podem casar na igreja uma vez. Abraços!
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Oi, Daniela!! Obrigada pela participacao! Bem, respondendo a sua pergunta: Sim! Nao ha nada que impeca a pessoa de casar-se de novo no religioso. Depende da familia e da cabeca do casal. Um abraco.
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Que coisa
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Se tiver uma festa em família os homens n falam com as mulheres!E seu esposo fala com a esposa do irmão dele.
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Namastê
Oiie Ju sou a camila sua leitora gostaria muito de um post sobre Uttar Pradesh pelo que vejo vc falar e um estado polemico queria muito saber mais ainda mais depois q vc disse para pergunta sobre para algum indiano q nao more la como eles sao estou morta de curiosidade kkk como nao conheço ninguem to perguntando pra vc kkkk Obrigada estava com saudades dos seus post onde eu aprendo muito obrigada Ju te adoro
Enviado do meu smartphone Samsung Galaxy.
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Bem pelo o que sempre pesquiso sobre cultura de outros países ,realmente a cultura e a religiosidade são fatores predominantes na vida destas pessoas ,pois elas tem um grande respeito ao próximo e ainda mais quando este próximo e uma mulher .Na minha percepção vejo como um respeito e talvez um certo toque de marxismo dos homens para com as mulheres vendo elas como um ser ,apenas para os afazeres do lar .E não sendo possível ter a amizade com outros homens de maneira respeitosa .
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Oi Ju! Acho que eu também me sentiria da mesma forma. Já falei que converso com um indiano há um ano e meio? Quero dizer, acho que eu digito e ele lê, porque as frases em retorno às minhas colocações são suscintas e objetivas, mas, creio que ele deve me achar de engraçada( ou exótica) a louca. Ele se esforça para praticar português e eu para melhorar meu inglês básico. Enfim, faz dois aniversários em que nos cumprimentamos. Eu, claro, como brasileira mando aquelas mensagens bem coloridas e bonitinhas no aniversário dele e ele, nem me agradece. Quando é meu aniversário, ele manda um seco “Happy birthday” e só. Fico pensando, cá com meus botões: será que eles não usam felicitar pela passagem do aniversário? Uma amiga minha que está fazendo pós-graduação em Melbourne e agora está aqui de férias, disse que na Austrália, as pessoas são geladas e os outros estrangeiros, na maioria asiáticos, também são. Ela disse que quando brasileiros se encontram lá, é como se fossem todos da mesma família, de tanta alegria. Os outros acham que brasileiros são simpáticos, mas, não são normais. Ela contou que passou dois dias em Dubai, na vinda para cá, e foi com um grupo fazer turismo pela cidade. No final do passeio foi agradecer e se despedir do guia e lhe estendeu a mão de maneira cerimoniosa. Ele ficou sem graça e relutou muito em apertar a mão dela. Ela viu depois, que nas instruções dizia que mulheres não deveriam se dirigir ao guia e nem cumprimentá-lo. Ela pensou: ‘ Fazer o quê? Agora já foi”. É muito difícil para nós, mulheres ocidentais, a adaptação a esse mundo oriental tão diferente e reprimido. Mas, pelo visto, viva nós brasileiros, pela espontaneidade e a pureza de nossas manifestações afetivas. Tente não levar essas pessoas tão a sério, porque elas jamais irão entender a beleza da nossa cultura de acolhimento. Não é fácil, mas, não temos como mudá-los. Muita paciência, querida! Beijos brasileiros.
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Só tenho uma coisa a dizer: Aff,que chato! kkkkk
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