Este fim de semana, no trem em Mumbai, presenciei uma cena a qual me inspirou a escrever este post.
Como acredito que já tenha comentado aqui no nosso Tabibito, é muito comum entrarem pedintes nos vagões, além de vendedores ambulantes, etc. Mas, hoje, vou falar sobre os pedintes.
Primeiro, entra uma menina bem pequena com um bebê no colo pedindo dinheiro aos passageiros. Para começar, já vou avisando que sou coração mole e não posso ver criança, bebê e animais em apuro, que logo já me compadeço e morro de vontade de ajudar.
Mas, a maioria dos passageiros parecia não ter o mesmo sentimento. Sendo assim, a menina viu que ali o mar não estava para peixe e desceu do trem na estação seguinte.
Em seguinte, entra uma hijra (já falamos delas aqui ) Hijras são os eunucos e hoje, a maioria vive pedindo esmolas ou de prostituição. Há uma lenda que reza que as hijras tem o poder de abençoar ou amaldiçoar uma pessoa. Por isso, quando abordado por uma delas, a maioria acaba dando dinheiro.
E, foi exatamente isso o que aconteceu no trem. Uma delas entrou no vagão, bateu palmas e não precisou nem fazer muita graça para o povo já sair abrindo a bolsa e soltando a grana. Com exceção de mim, é claro e, provavelmente, alguma muçulmana presente.
Bastou a hijra desaparecer para subir uma senhora. Mas, esta era de dar pena. Muito magrinha, aparentando o dobro da idade a qual deve ter, muitas rugas, um olhar triste, um pedaço de bambu nas mãos e enrolada em trapos que um dia já foram um saree. A senhora, fraca, mal pode andar. Porém, passam-se segundos, minutos e ninguém, absolutamente ninguém se compadece.
Tirando eu, acho que mais ninguém deu dinheiro à senhora. E, neste momento me passou um filme de todos os pedintes que entraram naquele vagão durante a viagem de 40 minutos. Criança, bebê, hijra e a senhora.
Não que nenhum mereça, mas a senhora parecia não comer há dias. Os jovens ainda têm força e podem trabalhar, se quiserem. O bebê também estava bem nutrido. Mas, e a senhora?
Entre a compaixão humana e a superstição, nos trens de Mumbai, a superstição venceu.
Fica aí a reflexão.
Um abraço
By Tabibito
Amei a frase do Franz Kafka, creio na verdade que ela passa, pelas comparações entre as pessoas no qual vc citou como pedintes mostra a falta de caridade da maioria e o que prevalece é o medo, não o medo de receber um castigo divino por tornar os menos favorecidos invisíveis, mas o medo de uma superstição que venha trazer azar para cada um, no geral a preocupação acabou por ser egoísta, presando apenas pelo bem estar próprio, assim será o medo sempre modelando as condutas sociais. Muito boa a abordagem. Juliana por favor se possível vc pode abordar alguma coisa sobre adoção de crianças na Índia, se os indianos praticam esse ato, se são resistentes (imagino q sim
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pela segregação de castas) se é comum estrangeiros adotarem crianças na Índia, uma vez vi acho q em um vídeo no youtube falando sobre um orfanato de meninas mas no vídeo não explicou muito apenas falou da existência dele, se souber algo e puder algum dia fazer algum post sobre o assunto agradeço e não esqueça também de falar algo sobre a educação infantil na Índia, Bjs
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Sim, eh verdade. A adocao aqui na India acontece, mas geralmente sao os estrangeiros quem adotam estas criancas. Eu mesma, tenho muita vontade de adotar. Um abraco.
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Oi, Claudia!!Obrigada por sempre prestigiar o blog. E, obrigada pela sugestao de tema! Alias, otima sugestao! Vou pesquisar a respeito e escrever aqui. Mas, ja adianto que tanto hindus quanto muculmanos sao resistentes em relacao a esta ideia. Alias, a ideia de adocao tambem era muito mal aceita no Japao, pois a maioria me dizia que nao conseguiria amar um filho que nao fosse seu. Enfim…assunto polemico!!!Beijos
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Ai que bom vou esperar as postagens, e como vc tem vontade de um dia adotar, em relação ao seu esposo ele sabe do seu interesse? Vc acredita q ele a apoiaria mesmo ele sendo hindu? Deixo essas perguntas para se possível amarra-las na sua pesquisa, eu admiro demais o ato de adotar e amar um filho gerado no coração. Eu fico aqui desenterrando suas postagens no uni-duni-te hahah.
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Oi, Claudia!Sim, acho que ele apoiaria, pois apesar de ser hindu, ele nao eh praticante. Um abraco!
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