Especial Dia Internacional da Mulher – Parte 1

 

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O Dia Internacional da Mulher está se aproximando e é praticamente impossível se esquecer da situação de tantas mulheres aqui na Índia e, claro, no mundo todo.

Apesar de amar o país onde vivo, não posso fechar os olhos e dizer que aqui as mulheres gozam de toda a liberdade do mundo.

Apesar de hoje as mulheres terem conquistado muito mais espaço na sociedade, estudarem e possuirem uma carreira, a verdade é que mesmo em grandes centros como Mumbai, a situação delas não é fácil. E, se são solteiras, a situação ainda piora!

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A BBC ontem publicou uma matériaa respeito do assunto,  muito interessante  e fiel à realidade, sob o título de: No country for single women. E, esta matéria me inspirou a escrever este post. http://www.bbc.com/news/magazine-26341350

Fico imaginando se teria conseguido arranjar um apartamento por conta própria caso tivesse vindo morar aqui em Mumbai sozinha. Provavelmente, teria que dividir o apê com alguma outra moça ou com alguém da empresa.

Quando cheguei a Mumbai, meu esposo veio comigo, mas só para me dar uma apoio inicial na procura pelo apê, já que ele ainda teria que ficar mais 2 meses em Uttar Pradesh até o encerramento de seu contrato.

Bem, conseguimos um apê sem maiores problemas, mas o principal documento pedido era, claro,a certidão de casamento. Como somos casados no papel, não enfrentamos maiores problemas, mas percebi que caso não fôssemos casados ou se eu estivesse lá sozinha tentando alugar o imóvel teria raras chances de conseguir algo.

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A pressão para se conseguir uma carreira e ser bem-sucedido na Índia é enorme. Devido a isso, há um alto número de suicídios entre jovens. As meninas estudam, aguentam a pressão, se formam e, finalmente entram no mercado de trabalho. E agora? Depois disso, vem a outra pressão: A pressão para arranjar um bom marido e…rápido!

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Fico imaginando se meus pais fossem indianos o que eles pensariam sobre mim. Só me casei ano passado, aos 32 anos! Primeiro, porque quando mais jovem queria construir minha carreira e morar no exterior. Segundo, porque não tive sorte no meu 1º namoro, o qual também foi bem tardio, aos 26, 27 anos. E, terceiro, porque eu não queria casar só para dizer ao mundo que eu tinha um macho ao lado.Acho que casei numa idade boa e no momento certo, deppis de ter vivido no exterior, estudado bastante e viajado bastante, minha grande paixão.  Se meus pais fossem indianos, com certeza, eu seria a ovelha negra da família e eles teriam que desembolsar milhares de dólares para entregar para alguma família que quisesse uma filha que já “passou do ponto”.

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Mas, verdade seja dita: Quem pensa que esta pressão só existe na Índia ou na Ásia, está muitíssimo enganado. Canso de ler depoimentos e críticas ferrenhas à sociedade indiana e à situação das mulheres aqui. Mas, e as nossas compatriotas no Brasil? Quem nunca teve que enfrentar a família te pressionando para construir um carreira e, claro, casar e ter filhos? Se você faz ou já fez parte de alguma comunidade religiosa no país deve ter vivido isso ainda mais intensamente.

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Eu vivi. Já frequentei instituições cristãs no Brasil e, a verdade é que em 100% delas a fixação era sempre pelo mesmo assunto: Arranjar um parceiro, de preferência, claro, cristão, pois o jugo não pode ser desigual. E, aí, começam a orações e vigílias para que Deus envie o homem, definido por muitas delas como “varão”.  As razões para a sua solteirice são as mais variadas segundo a crença fajuta destas pessoas: – Deve ter algo errado com você. – Não, Deus quer que você se humilhe para que ele te traga o varão. (Porque eles não usam o mesmo discurso para os rapazes?) – Deus quer que você mude completamente a sua personalidade. Só assim ele vai te trazer o varão.

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Cansei de ver gente muito pior que eu casada e com filhos. O que, claro, fazia com que a teoria deles caísse por terra.

Seja na Índia ou Brasil, há uma preocupação enorme em relação ao estado civil das mulheres. Se ficam solteiras por muito tempo, há 3 opções: – Há algo errado com elas – São lésbicas  – Ou, são vadias.

Seja qualquer uma das 3 opções, diz respeito apenas  a cada indivíduo e não a mais ninguém.

Por isso, por mais que se fale da Índia e a situação de muitas seja bem mais complicada que no nosso país, não podemos ignorar o fato de que mesmo no Brasil, as mulheres ainda são vistas, comercializadas e tratadas como objeto de desejo sexual. Basta escutar as canções tocadas nas rádios.

Às vezes me pego pensando em como seria árdua a tarefa de criar uma menina, seja no Brasil ou na Índia. Mas, percebo que há tarefa ainda mais árdua: criar um menino e fazer com que ele não seja um machista de carteirinha.

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Apesar de todas as barreiras impostas pela sociedade, o mais importante é encontrar a sua verdadeira vocação ou felicidade. Para algumas, será em um casamento, cuidando do esposo e dos filhos. Para outras, será uma carreira estabilizada, o sucesso profissional e a satisfação pessoal. Para outras (e porque não?) serão ambas as opções. Que cada um possa ser feliz e satisfeito no papel que decidiu cumprir neste mundo e que cada um olhe mais para si mesmo. Deixar de cuidar da vida dos outros já é o primeiro passo para a evolução e o auto-conhecimento.

Índia e Brasil. Muito mais semelhanças do que poderíamos imaginar!

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Um abraço e Feliz Dia Internacional da Mulher!

Nota: Este post não tem a intenção de ferir ou atacar a crença de ninguém. É apenas um desabafo sobre a pressão ainda  sofrida pelas mulheres em pleno século XXI.

by Tabibito

 

 

 

 

 

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Publicado por Banjara Soul

Este blog é para compartilhar um pouco das estórias e memórias que acumulei ao longo de 13 anos no incrível continente chamado Ásia. Hoje, de volta ao Brasil, mas com a Ásia no coração, continuo compartilhando informações do continente com vocês!

2 comentários em “Especial Dia Internacional da Mulher – Parte 1

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