Se você achava que costumes arcaicos como o dote eram privilégio só da Índia, hoje você vai conhecer outro país onde o dote já foi abolido mas continua sendo praticado a torto e a direita. É o Turcomenistão. Vamos conhecer como funciona a prática do dote neste país.
…………………………………………………………………………………………………………………………….

Uma antiga tradição na qual o noivo paga pela noiva, tem se popularizado no Turcomenistão, e as quantias, tornado-se cada vez mais altas.
O costme de “pagar” pela noiva, é conhecido por Kalym, e apesar de ter sido oficialmente banido durante o período soviético, tem voltado com força total. 9 entre 10 casamentos feitos em 2011 envolveram alguma transação deste tipo. O pagamento do kalym pode chegar a 10.000 US dólares. Um clérigo muçulmano local disse que um os maiores preços pagos por casamentos com mulheres com nível universitário, ou trabalhando no setor público, ou com algum talento em artesanato tradicional.
Maral, uma jovem de 18 anos, da cidade de Kunya- Urgench, contou como seu futuro marido a encontrou durante a cerimônia de casamento de uma amiga e enviou conhecidos e familiares para discutir os termos do casamento. Os pais de Maral, inicialmente, pediram 10.000, mas, a transação acabou terminando em 5,000 dólares. Além disso, os pais da noiva concordaram em oferecer o famoso dote para a compra de móveis, eletrodomésticos, roupas e jóias de ouro.
A noiva diz ter ficado satisfeita com a transação e a quantia final e que não se sentiu como um produto.” Estou feliz, porque consegui um bom casamento e entrei para uma família boa, na qual meu esposo e seus pais me tratam como uma pessoa de verdade e não como um objeto adquirido”.
Já outras, como Gyzylgul, de 18 anos, diz ter se sentido totalmente desvalorizada, pois o kalym pago pelos pais do noivo foi menor do que o pago pelos dos outros colegas.
– “O preço de um casamento é um grande peso para os pais do noivo“, diz Annamaret, um rapaz de Tejen, no sudestde do Turcomenistão.
Ele ainda completa: Você pode conseguir uma noiva por um bom preço, e a maioria das famílias fica ainda mais feliz quando nasce uma menina. Enquanto isso, o casamento de um filho, significa ruína, dívidas e a incessante busca por dinheiro.
Em Keshi, um vilarejo do Turcomenistão, mora um senhor chamado Amannazar-aga, que acredita firmemente na tradição, a qual ele diz prover um bom fundamento para o casamento. Hoje, com 70 anos, ele diz que a maioria dos casamentos que ele presenciou envolveram o kalym e ele mesmo diz encorajar os jovens casais a fazer seus votos com seriedade, mesmo já sendo conhecidos ou no caso daqueles que se conhecerão apenas no dia do casamento, como acontece na maioria dos casamentos arranjados no país.
“O preço da noiva fortalece o casamento e evita os recém-casados de se divorciarem“. – diz o ancião.
Estatísticas não-oficiais mostram que o Turcomenistão possui uma das mais baixas taxas de divórcio no mundo inteiro. Segundo eles, separações formais e oficializadas seriam apenas 1 a cada 1000 famílias.
Uma oficial do cartório da cidade de Ashgabat atribui este sucesso a tradição do kalym. “Os homens sabem que se eles se separarem, seus pais perderão o dinheiro pago como kalym e, um segundo casamento, irá custar muito mais.”- diz ela.
Porém, ela admite que o tal costume pode acabar forçando as mulheres a permanecer em um casamento infeliz. “O preço de uma noiva faz com que ela seja dócil e obediente, porque sabe como seria difícil se casar pela segunda vez.”
O artigo acima foi produzido como parte do IWPR`s News Briefing Central Asia e, adaptado e traduzido por TabibitoSoul.
Um abraco e ate a proxima!
By Tabibito
Um comentário em “Turcomenistão – Quanto custa uma noiva?”