Agora que você já leu o post parte 1 e já sabe quem é a dupatta, está preparado para ler sobre as aventuras que passamos aqui desde o nosso primeiro encontro.
Eu e dupatta nos conhecemos em dezembro de 2012, quando da minha 1a viagem á Índia. Havia comprado um punjabi suit e decidi fazer um cosplay de indiana naquele dia. Tudo parecia muito divertido. Taj Mahal, cosplay, dupatta,etc. Mas, como estava nm local turístico, a dupatta ficou ali nos meus ombros, descansando. Então, a 1a impressão que tive da dupatta foi bastante positiva, já que ela não me criou nenhm problema.
Nosso 2o encontro já foi um pouco mais tenso. Estava e de visita, pela 1a vez, na casa dos meus sogros. Naquela manhã, resolvi lavar o cabelo e secá-lo com secador. Porém, ao tentar ligar o secador que era japonês, quase acabei com toda a luz da casa. Então, apesar do frio, resolvi ficar com o cabelo molhado mesmo e secar ao natural. Não me lembro porque, mas saí do quarto e fui até a cozinha. Antes de chegar na cozinha, dou de cara com o meu cunhado. De repente, acontece o mesmo fenômeno da outra vez: a dupatta que estava nos ombros veio parar de novo na minha cabeça!!!! Como sempre, nessas horas, não dá para perguntar o porquê e a única coisa que me passou pela cabeça foi: ” – Ah! Deve ser que nem no Japão, onde não pode sair de cabelo molhado, porque senão o povo pensa besteira! Entendi!Entendi!”
Porém, não era isso. O motivo principal aqui na Índia, não era por causa do cabelo molhado, mas, porque era o meu cunhado quem estava ali. Sim. Além de mais velho, ele é homem. Dois belos motivos para você cobrir a cabeça. Sempre digo: quanto mais se vive, mais se aprende.
3o encontro – O terceiro encontro não foi tenso, mas foi no estilo: ” se vira nos 30!” Estava eu, no terraço da casa dos meus sogros, brincando com meu sobrinho, feliz e saltitante, com jeans, blusão e casaco de frio. A dupatta? Estava adormecida em algum canto da minha mala. De repente, minha sogra aparece toda esbaforida no terraço e me chama para dizer que uns tios do meu esposo tinham ido lá para me conhecer. Ela olha em volta, procura pela dupatta e, de repente, ela avista uma dupatta no varal! A dupatta da cunhada! Sem nem pensar duas vezes, ela cata a dupatta do varal, cobre minha cabeça e…Bem, a dupatta era tão longa que estava mais para um saree. Cobriu cabeça, tronco, membros…Depois do ocorrido, meu esposo veio me pedir desculpas. Eu disse que não tinha o que se desculpar. Afinal, ali era o mundo da mãe e da família dele. Eles nunca conheceram e nem fazem idéia de como seja outro mundo que não seja aquele. Sem neuras. Para registrar o momento, tirei até umas fotinhos com a dupatta e fiquei com ela até o final do dia. Vai que algum outro parente aparece, né?
4o encontro – Os encontros mais significativos têm sido após a minha mudança definitiva para a Índia. Percebi que na região onde moro, praticamente todas as mulheres usam as roupas tradicionais e, claro, a nossa amiga dupatta. As jovens e estudantes patricinhas geralmente usam a dupatta com jeans e óculos escuro e adoram fazer uma pose. Mas, a grande maioria, é bem recatada mesmo. Sempre que eu saio para ir ao mercado com o meu esposo, eu vou de roupa tradicional. Porém, como outro dia, eu e dupatta tivemos um stress básico. Como ela não pára no ombro e para ajudar, ainda estava ventando, eu era obrigada a mexer nela toda hora e colocá-la no lugar certo. Neste dia, curiosamente, percebi que tinha muita gente me observando. Principalmente do sexo masculino. Geralmente, eu passo batida aqui, por causa da minha aparência. Mas, neste dia, algo estava acontecendo. E a culpada era a….dupatta!!! Não, na verdade, a culpada era eu! Depois de atrair muitos olhares, coisa que me irrita profundamente, seja na Índia ou em Marte, meu esposo cochicha no me ouvido: – Pára de mexer nessa dupatta, porque mexendo deste jeito eles estão achando qe você tá querendo seduzi-los!
– O quê??????
Neste dia, o tempo fechou. Quase arranquei a dupatta e a queimei!O que me indignou, não foi o uso da dupatta nem foi o fato de e não saber usá-la corretamente, mas sim, o fato de por causa deste ato, trazer alguma deshonra para o meu esposo. Neste dia, fiquei mal. Até mesmo Tabibito, com todo o seu bom-humor, tem seus dias nublados.
Chegando em casa, meu esposo me explicou e me disse como usá-la e como evitar que ela caia. Depois disso, até melhorou e já saímos outras vezes para ir na mesma avenida e, nada aconteceu. Graças a Deus! É vivendo e aprendendo!
5o encontro – A minha vizinha de cima é um amor de pessoa e me ajuda muito. Foi ela quem fez o mehndi em mim (procure pelo post Mehndi). Aliás, no dia do Mehndi, eu e dupatta tivemos um desentendimento. Na verdade, não foi bem um desentendimento. Foi um esquecimento. Fui até a casa dela, toda feliz para fazer o mehendi e, esqueci (de novo!) da dupatta! Dupatta, como é muito vingativa, deve ter rogado uma praga para mim naquele dia. Tanto que, enquanto estávamos sentadas lá fazendo o mehendi, chega quem? O sogro dela! Na mesma hora que ela sentiu que ele estava chegando, ela cobre a cabeça com sua dupatta! E a minha dupatta? Devia estar no meu quarto, dando gargalhadas e dizendo: -Bem-feito!Qem mandou não me levar para passear?
Fiquei super sem graça, mas, já era tarde!O tiozinho já tinha chegado e já estava até tomando chai. Claro que ele e todos entendem que não sou indiana e, não se importam, mas, sempre que a vizinha aparece aqui em casa e meu marido abre a porta, na mesma hora ela cobre a cabeça. Então, assim como ela tem respeito por mim e pelo meu esposo, eu também queria demonstrar o mesmo pela família dela. Mas, oportunidades não faltarão!Volta e meia ela me chama para ir lá tomar um chai.” – Dupatta, ouça bem!Da próxima, você não escapa!”
Encontro mais recente: Esta semana. Casa da sogra. Para visitar a casa da sogra, é de praxe: Cosplay de indiana e dupatta na cabeça! Na verdade, nos ombros. A dupatta estava nos ombros, mas fui brincar com o sobrinho no quarto e, ela foi parar na cama. E, ficou lá. Estava eu, feliz e saltitante, fazendo cócegas no meu sobrinho que é uma fofura, quando chega alguém. E, para piorar: Alguém do sexo masculino! – “Dupatta!Cadê a dupatta!?? “- alguém pergunta. E eu pensando: – “Hmm…dupatta…onde foi que deixei mesmo? Ah!Na cama! ”
Nisso, saio correndo para pegar a bendita, que já devia estar rindo da minha cara de novo. Essa dupatta adora me ver em apuros!
Dupatta na cabeça, é hora de cumprimentar o tio. Sim, era o irmão da sogra que havia chegado. E, cumprimentar, vocês já sabem como é: Tocando os pés da pessoa. Em breve escreverei um post sobre isso, já que percebi que eu estava tocando os pés de todo mundo errado! Hahahahaa…
Bem, o que vale é a intenção!
Pelo o que vocês viram até então, eu e dupatta temos sido uma dupla quase que inseparável. Mas, acredito que com o tempo, as diferenças culturais entre nós desaparecerão e seremos ótimas amigas!
Já passei por situações assim mesmo aqui no Brasil, uma vez uns familiares de uns amigos do meu marido quiseram me conhecer pelo skype e a primeira coisa que ouvi “pega a dupatta, pega a dupatta!” foi uma correria pra achar uma dupatta só pra aparecer na webcam rs. Sempre usei na presença do meu sogro, já minha sogra disse que não preciso usar na presença dela. Mas a região do meu marido no Punjab é super conservadora e é exatamente assim do jeito que você falou, na frente dos mais velhos, na presença dos homens, dos sogros..Beijos!
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Oi, Star!Obrigada pelo comentário e por compartilhar sua experiência aqui. Sim…quando minha sogra me viu a 1a vez pela webcam, não rolou o lance da dupatta, mas lembro que o primeiro comentário que ela fez quando meu esposo mostrou minha foto para ela, foi: – Ela se veste de jeito decente. Gostei.
Gracas a Deus, ne? Kakakakaa. Mas, neste época, nem imaginava que iria conhecer a dupatta e viver tantas aventuras com ela. Bjs!
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Como as famílias são diferentes na Índia. Eu nunca usei dupatta na cabeça, apenas pouquíssimas vezes, por causa do sol excessivo. Minha sogra cobria sua cabeça com ela muito eventualmente e minha cunhada só cobria quando fazia pooja. Basicamente eu a usava como acessório mesmo, para enfeitar, e continuo usando até hoje, como lenço rs
Mas dupatta é um negócio irritante mesmo, se não souber colocar, ou prender, fica caindo o tempo inteiro.
Bj
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Obrigada pelo comentário!Sim!Acho que todas estas culturas, religiões, idiomas, etc juntos num país só é qe fazem da Índia um lugar tão fascinante, né?
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